Há quase seis anos algo estranho acontecia na usina nuclear de Natanz, no Irã. Os funcionários do local estavam tendo de trocar centrífugas a uma taxa muito maior do que o esperado, pois elas estavam se depreciando em um prazo inferior aos dez anos de vida útil declarado pelo fabricante.
As centrífugas são componentes essenciais para a produção de energia nuclear. Girando a cem mil rotações por minuto e gerando uma força gravitacional milhares de vezes superior à da Terra, as centrífugas fazem os isótopos do urânio se dividirem, extraindo dali o tipo de isótopo que interessa na geração de energia. Esse processo é chamado de enriquecimento de urânio.
O desgaste breve do equipamento intrigava não só os engenheiros de Natanz, mas também os fiscais da Agência Internacional de Energia Atômica, que fiscalizavam o local por conta da tensão política em torno da controversa gestão presidencial de Mahmoud Ahmadinejad (2005 – 2013). Na verdade, a situação ocultava algo inédito no âmbito da geopolítica: a sabotagem ao processo de enriquecimento de urânio iraniano, por meio do uso de um malware que ficou conhecido como Stuxnet.
Todos os detalhes dessa história que parece um roteiro de cinema – mas é pura realidade – estão no livro “Countdown to Zero Day: Stuxnet and the launch of the world’s first digital weapon” de Kim Zetter.
Kim é jornalista sênior da Wired, importante revista de tecnologia dos Estados Unidos e se aprofundou nessa história que abrange detalhes da composição do malware e sobre como funcionava a plataforma tecnológica da usina de Natanz, além de um panorama sobre como o uso de “zero days” se tornou importante para a criação de armas digitais, sendo determinantes para o sucesso ou fracasso de ataques, sobretudo quando falamos de um cenário de guerra cibernética.
Trata-se de um livro obrigatório para pessoas envolvidas com a proteção de informações e muito interessante para os curiosos sobre o tema da geopolítica. É uma leitura que oferece um forte complemento aos que leram o “Guerra Cibernética: a próxima ameaça à segurança e o que fazer a respeito”, e o melhor de tudo é que no primeiro semestre de 2016 será possível encontrar o “Countdown to Zero Day” em português.
A tradução dessa obra está sendo finalizada pelas equipes da Clavis e do portal Seginfo e conta com o apoio da FINEP, CNPq e FAPERJ, entidades de destaque no cenário de pesquisa e inovação no Brasil.
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